sábado, 13 de setembro de 2014

Amigos e despedidas [parte 1]

E não, não estou falando dos que ficaram no Brasil: ainda não consegui escrever sobre isso. Hoje o post será sobre os amigos daqui, e que já tem um lugar especial no meu coração. 
Poxa, tantos deles já foram embora! É muito louco ver pessoas chegando e saindo toda semana, tantos rostos tristes e felizes. Confusos, ansiosos... Sim, também temos isso. Mas o mais interessante aqui é aprender como tudo realmente é passageiro! As pessoas podem entrar na sua vida tão facilmente e, com a mesma facilidade, sair dela. 
Já me despedi de tantas pessoas maravilhosas... A Lim diz que uma hora ficamos calejados. Ela não chora, nunca chorou. Mas hoje eu vi marejar. (Lim - guarde esse nome. Você ainda vai ler muito a respeito dela. Uma grande amiga!).
E por que essa coreana de meio metro ficou balançada e quase chorou? Porque hoje talvez tenha sido a despedida mais difícil de todas. Para muita gente, devo dizer. Porque todo mundo gosta dela - não tem como não gostar. Hoje a loira foi embora. 
Soline, minha amiga belga. Linda. Fofa. PETIT! Chegou antes de mim e andava com a brasileirada maluca (calma, já falo deles!) que conheci aqui. So special! 
No começo eu realmente achava que ela era mais séria, mais na dela, meio antipática, até. Dava uma animada quando saíamos nas sextas-feiras à noite, mas ainda assim a gente não tinha intimidade para uma longa conversa. Com o tempo eu percebi que estava errada, e que ela é, na verdade, uma pessoa maravilhosa. Pra conversar, me ajudar a superar a saudade de casa, fazer companhia na piscina, na cozinha... Enfim. Uma pessoa realmente amável. É essa a palavra. Eu nunca descrevi ninguém assim, mas tudo tem uma primeira vez, não? Essa é ela. Soline amável. Foi muito, muito, muito difícil dizer adeus. Espero que você tenha boas recordações de mim e das minhas palhaçadas, e espero ter marcado seu coração tanto quanto você marcou o meu. Um beijão. 


sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Vida de intercambista

Caramba, mais de um mês nesse país doido e não escrevi nada sobre ele ainda. É que eu tenho taaaaaaaaaaaaaaaanta coisa pra contar que não sei nem por onde começar. Juro. Vou acabar dividindo em tópicos, não necessariamente em ordem cronológica. (até porque, depois de tanto tempo eu já nem lembro direito). Mas esse tempo até que foi bom, porque algumas histórias precisam ser amadurecidas, antes de serem contadas, para que sejam melhor avaliadas e contenham detalhes que, de primeira, eu não poderia colocar aqui. Como um bom vinho, que não se deve beber imediatamente após a produção, mas sim anos depois. Falei bonito agora, né? Consegui justificar a preguiça de um modo bem sofisticado. Mas agora é sério. Malta, então. Vamos lá. 
Antes de começar, quero contar uma coisa frustrante e engraçada, ao mesmo tempo: 
Vim da Itália para cá num sábado de manhã (02/08/2014) ansiosíssima pelo meu tão sonhado intercâmbio. Não aguentava mais esperar; estar na Europa e não ter chegado em Malta ainda me agoniava. Queria desfazer minha mala, colocar minhas roupas no armário, pegar meu ursinho de pelúcia e, com ele, me derramar na cama que seria minha por três meses. Mas, acima de tudo, queria conhecer as pessoas, fazer amigos - seja lá de onde fossem!
No aeroporto a ansiedade era tanta que nem me despedi de minha mãe e meu irmão. Corri para o transporte da escola e me apresentei. A garota disse que viria mais alguém no carro comigo e me pediu para esperar mais alguns minutos. Logo ela apareceu e foi falar com a mesma funcionária da escola, não ouvi a conversa nem o sotaque, estava meio longe. Loira, mas não polaca. "alemã ou russa, não é. Deveria ser mais branca. Talvez seja italiana.", pensei, lembrando do calor que estava na Itália e da mistura de cores do povo. Pouca coisa mais velha que eu, talvez uns três ou quatro anos. Fiquei preocupada com meu inglês, porque não sabia o nível do inglês dela, mas engoli em seco e mandei: "Hey! What's your name?". "Fernanda", disse ela, com um sotaque que eu conhecia muito bem. "Puta merda! Brasileira.", foi tudo que eu consegui dizer. Ela, a princípio se assustou, talvez não estivesse esperando por isso também. Depois caímos na gargalhada. "De onde você é?", "BH, e você?", "Eu sou de Santos". 
Ela estava exausta depois da viagem de 24 horas, fazendo escala em São Paulo e Roma, antes de chegar em Malta. Eu sei como é. Lembrei a sensação quando cheguei na Grécia e só queria meu hotel e meu chuveiro. 
Erramos o lado do volante - porque aqui em Malta se dirige como na Inglaterra - e ela quase sentou no colo do motorista. Eu fui no banco de trás, toda esticada. Apenas desfrutando a paisagem do meu futuro lar que passava diante dos meus olhos.