Esse post poderia ter o subtítulo de: Livros - magia na vida real
(e vocês perceberam que ambos os títulos são uma porcaria, né? Haha, nem ligo)
Sendo meu blog uma espécie de diário (no qual escrevo quase que anualmente ¬¬), feito sobre uma viagem para a Europa, nada melhor que deixar aqui registradas minhas emoções de uma coleção infanto-juvenil que muito tem a ver com isso.
Malta me encantou por tudo que já comentei de natureza: país Europeu, porém QUENTE (você, brasileiro, que tira onda de que aguenta, prepare-se); Inglês como idioma co-oficial (com o Maltês) e historicamente rico de uma forma que eu jamais poderia imaginar.
Como o combinado foi que minha mãe e meu irmão iriam comigo, sabia que meus destinos adicionais não seriam tipo 15, como num mochilão, e sim uma coisa mais contida, planejada. Mais pra 2 ou 3 países. Foi necessário, então, que entrássemos em um consenso, e, por motivos de admiração por história antiga, determinamos que os locais a serem visitados seriam Grécia e Itália. Por toda aquela história das grandes civilizações, e das culturas gregas e romanas. Os deuses! Isso nos encantava (encanta) tanto!
Desde 2012 eu acompanhava a série de livros Percy Jackson, de Rick Riordan, e a mamãe e o Danilo também haviam lido (paixão de família). Apesar da história se passar basicamente na América do Norte - mais precisamente nos Estados Unidos (onde os deuses, modernos que são, acompanham a concentração de poder da humanidade, e agora residem no topo do Empire State Building - você acredita nisso?), a narrativa curiosa e inteligente mantinha em nós uma adoração e interesse pelo Olimpo e todos seus "habitantes". E os romanos... bem, vieram de quebra. [Rick havia feito logo em seguida sua nova coleção onde misturava semideuses romanos na história... eu estava lendo, mas já não entendia mais nada! A cada três ou quatro capítulos mudava quem é que estava narrando. E o Percy sem memória... tudo muito louco!]
Definidos os destinos, optamos por ir à Grécia primeiro e depois "voltar", sentido Ocidente. 12 horas de viagem só até Roma (nossa conexão), mais umas 4 de aeroporto e 2 horas e meia até Atenas. Levei o livro comigo, obviamente. Mas em três meses e meio de Europa, acabei lendo meio livro (terminei este) e comecei o seguinte da coleção, muito, mas muito desatenta ao coitado. Acabou que não me empolgou - ler ou conhecer uma praia diferente a cada dia? Ler ou ir à balada da Europa? Você, o que faria? -, e não li com a voracidade que estou acostumada. Voltei pra casa e com tantos altos e baixos da vida, inúmeros volumes da faculdade para ler, aí que desisti mesmo dos Herois do Olimpo. Normal. Quem nunca abandonou um livro na vida que atire a primeira pedra.
Mas conforme o ano foi avançando e o livro foi me encarando na prateleira, minha curiosidade foi aguçada e eu precisava retomar a história de onde havia parado. Mesmo depois de alguns (muitos) meses, lembrei imediatamente onde a aventura estava e pude prosseguir. Meu irmão - que já havia terminado - me dissera que a tendência era ficar mais emocionante dali pra frente. E lá fui eu. De duas semanas pra cá me joguei intensamente e lia o dia inteiro, ansiosa por saber o final.
E foi quando a magia começou a acontecer:
Os semideuses tinham missões a cumprir no mundo antigo e, sem que eu imaginasse, foram passando por muitos dos lugares nos quais eu havia estado. E a descrição de cada um deles me fez sorrir e emocionar de forma única! Feliz com as lembranças, triste por não estar mais lá e orgulhosa de conhecer cenários tão especiais que são emprestados para um livro de ficção (no qual um autor pode criar, mas não conseguiu imaginar nada melhor que o que já existe).
Com um misto de saudade, que é um sentimento exclusivamente brasileiro (sou egoísta, sim!), e anseios para o futuro, fui me imaginando caminhando ao lado dos herois dos meus livros pelas vielas romanas, "avenidas" e cafés de Valletta (que, por sinal, fica em Malta e é a capital do país) e toda a Acrópole grega. Imaginei que eles poderiam ter passado ao meu lado, a cada momento de pressa meu, que deixei de olhar as pessoas à minha volta. Imaginei que poderia tê-los visto lutar - ou não, já que sou uma simples mortal e a Névoa jamais permitiria.
Dizem que a verdade ilha que vivia a ninfa do mar, Calipso, era Gozo (belíssima ilha do arquipélago de Malta que vale a pena conhecer!), que no livro grego Odisseia, de Homero, aparece sob o nome mítico de Ogígia - ilha que não está em mapa algum e nenhum heroi jamais a encontra duas vezes. Está é Gozo! Existe uma caverna dedicada a Calipso lá, na praia de Ir-Ramla l-Ħamra, nome maltês que significa "praia de areia vermelha", mas você pode encontrá-la mais facilmente por Ramla Bay.
Voltando à conexão com os livros, foi tão emocionante porque imaginei tudo isso. Me senti tão bem hoje ao ler a última página que consegui escrever num blog há meses abandonado. E não acho que haveria lugar melhor para me expressar.
Por isso, viva a vida. Viaje. Tenho certeza que também teria gostado do livro caso ficasse apenas na minha casinha, lendo. Mas associar com algo já vivido e saber que pelo menos parte dessa magia é real que é tão envolvente. E não é apenas nas aventuras de Percy Jackson, não para por aí. A cada filme ou reportagem que passa na TV sobre algum desses lugares, a mensagem pode até ser ruim, mas sempre vai me lembrar algo bom que vivi. E isso não tem preço.
Quero colecionar lugares, mas sem pressa. Aproveitando. Sendo feliz e tendo tantas boas lembranças em cada um deles quanto tenho do meu intercâmbio e de Malta. Que é, realmente, um lugar mágico. Você não vai se arrepender! ;)